terça-feira, 3 de novembro de 2009

Diário aberto. Página 11

São Paulo.
23 de Setembro de 2005.
Um dos melhores dias da minha vida.

Era 3 da manhã e eu já estava de pé.
Tomei banho correndo, coloquei minha camiseta preta estampada (que tenho até hoje e só usei essa vez na vida. Dei ela de presente para o Arthur, por ela ser muito importante para eu), bermuda preta, All Star (eu acho...). Minhas duas munhequeiras (uma em cada pulso). Passei um gel no cabelo para deixar arrepiado e respirei fundo enquanto olhava para o espelho. Não acreditava que estava vivendo aquele momento. Até hoje ainda sinto um frio na barriga só de lembrar daquele dia.
Tomei café rapi10 e saí para pegar o busão.
Cheguei na casa do meu amigo por volta das 4 da matina e ele também estava ancioso. Era o dia.
A mãe dele nos levou de carro até o local. Fomos ouvindo música e descutindo como iria acontecer e nem lembramos do que faríamos depois.
Chegamos no local era umas 5:20 da matina.
Havia uma fila enorme.
Pessoas acampadas há mais de uma semana.
Muita gente de preto. Muitos de máscaras. E todos com o mesmo amor pelo que iriam ver.
As horas não pareciam passar.

Olhavamos para o relógio e parecia que estavam voltando.

Por volta do meio-dia, resolvemos fazer uma vakosa para comprar algo para comer.

Haviamos nos encontrado com outro dois amigos e ficamos na fila. Dividimo-nos. 2 ficariam na fila e outros 2 iria na padaria.

Eu e o Bruno iríamos até a padóka. 34 minutos. Era o tempo da padaria mais próxima. Andamos pacas, suamos naquele sol. Pão, mortadela, Coka-Cola. Foi tudo que nosso dinheiro conseguiria.

Voltamos, e mais 34 minutos de caminhada no sol escaldante.

Quando chegamos, a fila estava mais a frente. Ainda faltava umas 2 horas e meia para abrir os portões.

30 minutos antes do acertado, liberaram as bilheterias.
Motivo suficiente para dar um tremendo frio na barriga.
Na fila, ainda conversavamos com umas pessoas que estavam na nossa frente e que também estavam tão anciosas quanto nós.
Estava chegando minha vez de passar pelas catracas. Meus pés davam um passo de cada vez, e o medo de ficar para trás parecia aumentar.
Passei.
Só pensei em sair correndo para garantir lugar. Corri como nunca havia corrido na vida. E outras pessoas faziam o mesmo.
Me perdi de meus amigos.

Agora eu estava sózinho no meio da multidão.

Fiquei ao lado esquerdo do palco, com vista para o palco todo.

E agora mais algumas horas até o show começar.
Sem ter com quem conversar, sem ter o que comer e sem querer sair do lugar para ir mijar (e perder o lugar? nem fudendo).
Sem água, e o calor do sol e das pessoas só fazia aumentar a vontade de cair duro no chão.
Os holofotes se movimentaram. Começou o primeiro show.
Demorou um pouco, e uma ótima banda apareceu no segundo show.
O terceiro levou a galera a loucura e eu cada vez mais ancioso.

Pronto.

O silêncio após o terceiro show parecia doer em meus ouvidos. Não era o silêncio que eu queria. Não era aquelas pessoas comentando, ou gritando de anciedade.
Era um som de reconhecimento. Um som que vinha da alma.

Enquanto no palco, você via os rodies arrumando os instrumentos.
Ainda não era nada do que eu queria ver ou ouvir.
Minhas pernas começaram a bobear e meu medo de não aguentar já estava na minha cabeça.

Não aguentava mais. Eu queria explodir. Parece que "aquilo" estava a flor da pele.

Um som.

E outro som...

Eu não conseguia acreditar.
Já estava começando?!
Eles estavam passando no palco?!
Meus olhos os seguiam pelo palco como um predador observa sua presa.
Eram eles.
Era aquele som.
Era um sonho se realizando.
Cada um tomando seu lugar no palco, pegando seus instrumentos.
Eu era só mais um fã dentre vários ali. Eles eram minha motivação de aguentar tudo aquilo.

Começou.

Meu coração explodiu em meu peito.
Não pude conter o meu corpo de pular, se expressar e meus olhos de chorar.

Os riffs.
A performance.
A conversa.
O Espetáculo. Ou melhor... Os 9 espetáculos.
Enchiam-nos os olhos.
Não sabia para qual deles olhar, mas eu sabia que meu coração era deles naquele momento.
Meus ouvidos.
Meu corpo.

Até hoje, sinto arrepios só de escrever isso.

SlipKnoT. Obrigado por tudo.

4 comentários:

  1. Nem precisava escrever a última frase, tava extremamente claro que era dessa banda que você tava falando. ^^
    Show é sempre assim... a gente se sacrifica, aguenta na fila o dia todo, e mesmo assim sai de lá como se estivéssemos novos, com uma energia incrível. É mágico. ehehe
    Beeeijos.
    *Tha*

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  2. Não vou nem comentar sobre isso....

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  3. Queria ter sentido essa mesma sensação que você sentiu, mas eu senti uma bem diferente nesse dia.
    Espero que eles voltem (e vão voltar), que eu vou estar lá.

    =*

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  4. Só pensei em sair correndo para garantir lugar. Corri como nunca havia corrido na vida. E outras pessoas faziam o mesmo.
    Me perdi de meus amigos.

    Agora eu estava sózinho no meio da multidão.

    GHAEHAEHAEHEHEHEHHEEHHEHEHHE rimuito SlipKnot <333333333333333333

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